sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Qualificações dos Presbíteros: Apegado à Palavra Fiel

No dia 07 de dezembro aconteceu na cidade de Caraúbas/RN, a reunião dos missionários do Projeto Rumo ao Sertão. Na oportunidade foi realizado a ordenação de alguns presbíteros, entre eles estava o irmão Eduardo Paulo da Silva que é o atual presidente da UPH E vice Diretor da IPB em Caraúbas. Os oficiantes foram os reverendos Marcos Severo de Amorim e Djalma Pereira. Parabenizo a todos que foram ordenados ao sagrado ministério. Pr. João Batista de Lima
Introdução
Calvino começa o comentário em Tito 1:9 assim: "Este é o principal dom em um bispo, que é eleito principalmente por causa do ensino; porque a Igreja não pode ser governada de qualquer outro modo que não seja pela Palavra". De fato, os presbíteros em uma igreja devem ser os despenseiros da Palavra de Deus, a serviço do Espírito Santo para edificação do Corpo de Cristo.
Grego
 Em Tito αντεχομαι - antechomai

Strongs - apegado - apegar-se com firmeza; unir-se a alguém ou algo, prestando cuidadosa atênção ao mesmo /

Rienecker e Rogers - apegado - reter, suster. A preposição prefixada parece envolver uma leve idéia de reter algo contra alguém hostil. Esta idéia, no entanto, passa para a de "firme aplicação".
Outras versões
Outras traduções do mesmo termo em português:
Almeida Revista e Atualizada (ARA)
apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.
Nova Versão Internacional(NVI)
e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela.
Almeida Revista e Corrigida(ARC)
retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes.
Nova Tradução na Linguagem de Hoje(NTLH)
Deve se manter firme na mensagem que merece confiança e que está de acordo com a doutrina. Assim ele poderá animar os outros com o verdadeiro ensinamento e também mostrar o erro dos que são contra esse ensinamento.
Tradução Brasileira(TB)
sempre mantendo a palavra fiel que é segundo a doutrina, a fim de poder exortar na sã doutrina e convencer aos que contradizem.
Comentários
 Broadman – As boas credenciais pedagógicas dos presbíteros-bispos servem a dois propósitos: (1) a pregação da sã doutrina e (2) a refutação daqueles que a contradizem. Ao longo das pastorais Paulo enfatiza a importância do ensino correto e sadio. O ensino sempre desempenha um papel essencial na missão cristã. (...) O pregador competente também será capaz de refutar os oponentes. A palavra traduzida por "convencer" significa tanto "expor" quanto "convencer" (veja em 1 Tm 5:20; 2 Tm 4:2). A história da igreja mostra a necessidade tanto de instrução positiva quanto defesa. Quanto melhor a primeira, menor a necessidade da segunda.
 D. A. Carson (-)
 Jamieson, Fausset e Brown (-)
 João Calvino Apegado à palavra fiel. Este é o principal dom em um bispo, que é eleito principalmente por causa do ensino; porque a Igreja não pode ser governada de qualquer outro modo que não seja pela Palavra. "A palavra fiel" é o título que ele dá àquela doutrina que é pura e que procedeu da boca de Deus. Ele deseja que um bispo a agarre firmemente, para que não seja só bem instruído nela, mas que seja constante em mantê-la. Há algumas pessoas volúveis que facilmente se deixam levar por vários tipos de doutrina; enquanto outros são subjugados pelo medo, ou movidos por qualquer circunstância a abandonar a defesa da verdade. Paulo ordena então que sejam escolhidas pessoas que, depois de terem abraçado a verdade de Deus cordialmente, e segurando firmemente nela, nunca permitam ser arrancados ou afastados dela. E, realmente, nada é mais perigoso do que aquela inconstância de qual falei, quando um pastor não adere firmemente àquela doutrina da qual ele deveria ser o defensor inabalável. Em resumo, em um pastor é exigido não só conhecimento, mas tal zelo pela sã doutrina que o leva a nunca se afastar dela.

Mas o que significa de acordo com a instrução ou doutrina? O significado é aquilo que é útil para a edificação da Igreja; pois Paulo não costuma a dar o nome de "doutrina" a qualquer coisa que é aprendida e conhecida sem promover qualquer avanço da piedade; mas, pelo contrário, ele condena como vãs e improdutivas todas as especulações que não rendem nenhuma vantagem, independentemente de quão engenhosas elas em outros aspectos. Assim, "ou o que ensina esmere-se no fazê-lo", ou seja, trabalhe para fazer bem aos ouvintes (Rm 12:7). Em resumo, a primeira coisa requerida em um pastor é que ele seja bem instruído no conhecimento da sã doutrina; a segunda é, que, com firme coragem, sem vacilar, ele mantenha-se apegado a essa confissão até o fim; e a terceira é, que ele faça com que a maneira dele ensinar produza edificação, e que ele não, por causa de ambição, voe sobre as sutilezas da frívola curiosidade, mas busque apenas o sólido proveito da Igreja.

De modo que tenha poder. O pastor deveria ter duas vozes: uma para juntar as ovelhas; e outra, para repelir e afugentar lobos e ladrões. A Bíblia supre os meios para que ele faça ambos; porque aquele que estiver profundamente qualificado na Palavra será capaz tanto de governar aqueles que são ensináveis quanto refutar os inimigos da verdade. Este uso duplo da Bíblia, Paulo descreve quando ele diz que ele teria poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem. E portanto aprendamos, primeiramente, qual é o verdadeiro conhecimento de um bispo, e, em seguida, com que propósito deveria ser aplicado. O bispo que possui a fé correta é verdadeiramente sábio; e ele utiliza propriamente o conhecimento dele, quando ele o aplica para a edificação das pessoas. Este é um notável aplauso concedido à palavra de Deus, quando ela é pronunciada como suficiente, não só para governar o educável, mas para subjugar a obstinação dos inimigos. E, realmente, o poder de verdade revelada de Deus é tal que derrota todas as falsidades facilmente.
 John Gill Apegado à Palavra fiel - A doutrina do Evangelho, assim chamada porque é a verdade, e deve ser crida; é a palavra da verdade, e a própria verdade. (...) e isso deve não só ser pregado pelo presbítero, mas ser agarrado, e tenazmente conservado; em oposição a toda a indecisão, afastamento, queda ou ocultamento de qualquer parte dela e covardia em relação a ela; sejam quais forem as tentações, por aplauso popular por um lado, e repreensões e perseguições por outro; e mesmo que hajam muitos que queiram arrancá-la das suas mãos; veja 2 Tm 1:13.

"segundo a doutrina" quer dizer, de acordo com a doutrina da Bíblia, de Cristo e dos seus apóstolos; (...)

para que ele seja capaz, através da sã doutrina, de exortar e convencer os contradizentes; sã doutrina é a palavra fiel, as palavras sadias de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo retidas, qualificam um ancião para se desincumbir das seguintes ramificações do seu ofício: "exortar" os membros da igreja aos seus deveres, de acordo com a sua idade, sexo, estado e condição, como no capítulo 2 para os quais as doutrinas da graça influenciam e envolvem; (...) e a outra parte do seu trabalho que é convencer os contradizentes. Aquele que resiste à verdade, opõe-se a ela, criam sofismas sobre ela e a contestam; estes devem ser remoldados e convencidos pela Bíblia, e por argumentos extraídos dela, como os judeus foram por Apolo (At 18:28); e nada é tão poderoso para fazer isso do que a sã doutrina e a afirmação na palavra fiel.
 John MacArthur Sã doutrina bíblica não somente deve ser ensinada mas também agarrada com profunda convicção (cf. 1 Tm 4:6; 5:17; 2 Tm 2:15; 3:16,17; 4:2-4). Exortar e convencer - O ensino fiel e a defesa das Escrituras que encoraja a piedade e confronta o pecado e o erro (aqueles que contradizem).
 Matthew Henry (1.) Eis o dever: Apegar-se firmemente à palavra fiel, como ele foi ensinado, mantendo-se junto da doutrina de Cristo, a palavra da Sua graça, aderindo firmemente de acordo com as instruções recebidas - mantendo firmes sua própria convicção e profissão, e ensinando a outros. (...) 

(2.) Eis a finalidade: Que ele seja capaz, pela sã doutrina, tanto a exortar quanto a convencer os contradizentes, persuadindo e atraindo outros à verdadeira fé, e convencendo os que se posicionam contra. Como ele poderia fazer isso se ele mesmo fosse inseguro ou instável, não agarrando-se firmemente à palavra fiel e sã doutrina que deveriam ser o tema deste ensino, e os meios e fundamentos de convencimento daqueles que se opõem à verdade? Nós vemos aqui resumido o grande trabalho do ministério - exortar aqueles que estão dispostos a saber e cumprir o seu dever e convencer aqueles que contradizem, o que é feito através da sã doutrina, quer dizer, de um modo instrutivo racional, pelas Escrituras - argumentos e testemunhos que são as palavras infalíveis da verdade - nas quais todos deveriam descansar e estar satisfeitos e decididos.
 New American Commentary Que ele deve ser "apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina" constitui a base da função doutrinal do presbítero como mestre e apologista do evangelho. (...) O presbítero "agarrar-se firmemente" ao ensino bíblico ortodoxo. Entretanto, manter crenças ou doutrinas corretas não é o bastante. Duas funções básicas do papel do ancião na igreja emanam da própria devoção pessoal dele à verdade da Palavra de Deus. (...) Do seu conhecimento do "ensino" apostólico (i.e., a "palavra fiel"), o ancião deve "encorajar" os crentes com a sã doutrina, ou seja, ensinando aquilo que não foi contaminado com erro. Esta função do presbítero necessariamente requer que ele seja um "estudioso da Palavra", pronto a aprender e disposto a comunicar o que aprendeu. A segunda função doutrinal do presbítero é que ele "refuta os que contradizem" (i.e., "a palavra fiel"). O verbo grego empregado aqui, elegchein, sugestiona uma dimensão educativa confrontando falsos mestres que contradizem a mensagem do evangelho. O objetivo da refutação do falso ensino não é destruir o oponente mas, ao contrário, restabelecê-lo na "sã doutrina". Isto necessariamente implica em que o falso ensino a que Paulo se refere estava vindo de dentro da igreja , ou seja, daqueles que professaram a fé cristã. Tal situação também exigiria que o presbítero fosse corajoso em sua disposição de confrontar um, assim chamado, irmão em Cristo.
 William MacDonald O bispo tem de ser apegado à palavra fiel, isto é, firme na fé. Deve agarrar-se tenazmente às saudáveis doutrinas espirituais ensinadas pelo Senhor Jesus e pelos apóstolos, e preservadas no NT. Só assim ele será capaz tanto de exortar pelo reto ensino como de convencer os que contradizem a verdade.
Conclusão
Esta qualificação mostra o presbítero como um homem que crê profundamente na verdade do Evangelho, conhece muito bem as Escrituras, e daria a própria vida por essa verdade. O presbítero é um homem da Palavra, trabalhado pela Palavra, e que aplica a verdade na vida da congregação. É também um destemido defensor da sã doutrina, contra os ataques que ela sempre sofre por parte do erro e do engano.

Fontes
Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento – William MacDonald – Ed. Mundo Cristão
The Broadman Bible Commentary – Broadman Press
The MacArthur Bible Commentary – Thomas Nelson Publishers
Bíblia OnLine 3.00 – SBB
Definindo o que são presbíteros – artigo de D.A.Carson - http://www.bomcaminho.com/dac001.htm
The New American Commentary – Broadman Press
Chave Linguística do Novo Testamento Grego – Ed. Vida Nova

sábado, 14 de janeiro de 2012

Nos tempos de Moisés - Depravação Total, Eleição Incondicional e Perseverança dos Santos


Nos tempos de Moisés - Depravação Total, Eleição Incondicional e Perseverança dos Santos
1. DEPRAVAÇÃO TOTAL A depravação da raça humana pode ser visto no ambiente de Israel e na raça humana como um todo. Os egípcios que tentavam destruir Israel prova a mesma realidade da natureza de Caim em nível nacional. O texto fala da matança nacional dos infantes israelitas. Nunca devemos perder de vista que Faraó era um homem terrível de pecado e rebelião contra Deus. O endurecimento do seu coração foi um ato de juízo de Deus pela sua persistência em rebeldia contra Deus, o mesmo que pode ser dito dos egípcios. O povo de Israel também revelou claramente a depravação total. Podemos ver Israel murmurar contra Deus depois de dois meses de salvação do Egito, (Ex 16:2,3). Outro episódio importante é o pecado da idolatria em Israel (Ex 32), depois de 40 dias que receberam a Lei, já estavam agindo como pagãos. Arão e Moisés conheciam muito bem a depravação total de Israel. (Ex 32:21-22: Deut 9:24).O capítulo 9 de Deuteronômio é a expressão máxima de como Deus opera sua salvação de maneira soberana por causa de sua promessa. Vejamos alguns elementos: depravação (Dt 9:6-7, 23-24); expiação limitada (Dt 9:21) eleição incondicional (Dt 9:27-29). Tentaram destruir os que convidavam o povo a crer (Nm 14:1-12). Moisés também não estava fora desta condição, (Nm 19:12). 2. ELEIÇÃO INCONDICIONAL Deus escolheu Moisés dentre tantos outros, o preservou durante a matança dos infantes e providenciou soberanamente tudo o que era necessário para sua missão. Embora, isto não seja eleição para a salvação, demonstra a doutrina da eleição soberana.A escolha de Israel, mesmo não sendo todos para a salvação, é o princípio eterno de como Deus salva o pecador, (Dt 7:6-11). Sociologicamente falando, por que Deus não usou de misericórdia para com os outros povos, dando-lhe uma oportunidade para a salvação deles também, se todos eles eram pagãos? Exatamente porque desde o princípio Deus não planejou salvar a todos, e sim a alguns. Israel representa o pecador eleito dentre tantos outros. Outros textos que provam essa verdade está em Dt 10:15; 4:10. 3. PERSEVERANÇA DOS SANTOS A prova da perseverança dos santos é a própria vida de Moisés, que apesar de não ser perfeito, perseverou em obediência (não obediência perfeita) e andou com Deus. Foi considerado “o homem de Deus” (Dt 33:1) e “Moisés meu servo”, (Js 1:2). Josué e Calebe foram reconhecidos pela fé e obediência a Deus. Sem duvida, muitos israelitas dentre aquela multidão permaneceram firmes na fé e obediência a Deus.O período Mosaico é caracterizado pela ênfase na observância da lei do pacto. Vejamos o que diz Ex 19:5-6. Neste texto, Deus não está estabelecendo uma maneira pela qual os israelitas se tornariam seu povo. Deus estava estabelecendo uma maneira pela qual Israel deveria manter sua posição de povo do pacto. Deus os havia salvado da escravidão, e agora, Ele estava dizendo como eles deveriam viver como Seu povo. Esta foi a finalidade da Lei: dizer aos crentes como eles devem viver com Deus. Ela nunca foi dada como caminho de salvação, o que foi uma perversão dos fariseus, judeus incrédulos. É assim que devemos ver a Lei do pacto sinaítico: como o pacto da graça e não de obras.Notemos que as provisões da Lei são para o relacionamento e aproximação do pecador com Deus. É a isso que tanto o tabernáculo quanto o templo estavam destinados. A verdade é que a Lei foi dada depois da salvação, e não antes. Significa isto que a Lei não é ordenada aos incrédulos? Não. Deus ordena a todos os homens as mesmas coisas. Com uma única diferença: Aos eleitos Deus providencia uma maneira de satisfazer a própria Lei em lugar deles: Cristo.A perseverança dos santos era mantida eficazmente pela provisão do holocausto contínuo e das ofertas contínuas, (Ex 29: 38-46; Lv 6:8-13). A idéia ensinada nas ofertas contínuas é que há necessidade de um sacrifício de eficácia contínua para pecadores. Essa é a mesma obra de Cristo: ele não resolveu apenas o problema da nossa transgressão em Adão, mas também os nossos pecados de todos os dias, (I Jo 2:1-3). Por que havia necessidade de sacrifícios contínuos e do dia da expiação além dos sacrifícios que os israelitas já ofereciam pelos seus próprios pecados? Era exatamente porque eles não tinham condições de oferecer um sacrifício para cada pecado. A oferta por um pecado não significava salvação, mas perdão daquele pecado. Mesmo assim, cada israelita tinha multidão de outros pecados pelos quais nunca teriam condições de fazer expiação. Eles teriam que estar continuamente debaixo do sangue. E isso é exatamente o que Cristo fez. Além de nos salvar, ele ainda nos mantém salvos, pois tanto nossa trangressão em Adão quanto nossos pecados atuais são “engolidos pelo abismo da justiça de Cristo”(Lutero). Extraído de: http://teologiaselecionada.blogspot.com/search/label/calvinismo por Moisés C. Bezerril Um Canal Reformado! Sempre reformando!